Eu sou a igualdade das gerações: Hingride Marcelle Leite de Jesus, jogadora de rugby, facilitadora comunitária

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Bilhões de pessoas em todo o mundo estão do lado direito da história todos os dias. Eles se manifestam, se posicionam, se mobilizam e realizam grandes e pequenas ações para promover os direitos das mulheres. Isso é igualdade de geração.

Hingride Marcelle Leite de Jesus é graduada de 20 anos do programa Uma Vitória Leva a Outra no Brasil. Foto: ONU Mulheres / Camille Miranda

Cresci em uma família liderada por mulheres, que tomavam suas próprias decisões, cuidavam de seus filhos e se sustentavam. Todos os homens abandonaram suas esposas e filhos. Embora isso refletisse a cultura sexista, também me deu poderosos modelos femininos em casa.

Lembro que quando meu pai morava conosco, minha mãe não tinha permissão para assumir certos tipos de trabalhos que ele considerava masculinos. Quando comecei a jogar rugby, ele disse que eu não deveria fazê-lo, porque era algo feito para homens. Isso me fez perceber que uma mulher jogando rugby pode mudar a mente das pessoas sobre o que somos capazes de fazer.

Através do rugby, aprendi a fazer escolhas, a entender o que deveria me concentrar e o que tinha que deixar ir, a respeitar meus limites e a me expressar de maneira mais eficaz.

A importância de espaços seguros para mulheres e meninas

Hoje, aproveito todas as oportunidades para conversar com minha mãe e minhas tias sobre os direitos das mulheres, porque elas não tinham o mesmo tipo de educação que eu. Também falo com meus primos mais novos, porque quero que eles possam lutar por si mesmos.

Como mulheres, não temos espaços onde possamos conversar sobre nossos problemas, fazer perguntas e expressar nossas opiniões. É isso que eu mais aprecio no programa Uma vitória leva a outro – a criação de espaços seguros para meninas.

Entrei no programa para continuar jogando rugby. Mas então percebi o quanto era importante ir às sessões semanais e conversar com outras meninas de várias origens sobre nossos corpos, sobre gênero, raça, sexualidade e violência. Graças a esse espaço seguro, pude compartilhar coisas que nunca tive coragem de contar a ninguém antes.

Sou negra, pobre e moro na periferia. Isso não significa que não posso alcançar meus objetivos e realizar meus sonhos! Acabei de concluir o treinamento para me tornar uma facilitadora e trabalhar com meninas mais jovens da minha comunidade. Isso será mais do que um emprego, uma fonte de renda para mim e meu filho de dois anos.

Será uma oportunidade para eu me tornar um exemplo para outras meninas da minha comunidade. Elas vão olhar para mim e pensar: se ela conseguiu, eu também posso.

O poder do esporte

É importante que toda a sociedade se preocupe com as relações de gênero e lute pela igualdade, para que mulheres e meninas possam alcançar seus objetivos sem obstáculos [constantes] e discriminação.

O esporte abre espaços para mulheres e meninas. Além dos benefícios físicos e psicológicos, o esporte é uma ferramenta para o auto-empoderamento e o empoderamento de outras mulheres. Por muito tempo, ficamos longe das oportunidades esportivas, e há um papel importante que a mídia pode desempenhar, especialmente a mídia esportiva, em mostrar que qualquer esporte é o lugar de uma mulher.

Hingride Marcelle Leite de Jesus é uma graduada de 20 anos do One Win Leads to Another, um programa conjunto entre a ONU Mulheres e o Comitê Olímpico Internacional, que oferece sessões semanais de prática esportiva e de habilidades de vida para meninas adolescentes no Brasil. Recentemente, ela se encontrou com a jogadora de futebol Marta Vieira da Silva, embaixadora da Boa Vontade da ONU, e participou de um desfile de carnaval no Rio de Janeiro, Brasil.

Texto traduzido e adaptado pela equipe do dicas e notícias para mulheres.
Fonte: Un women